Será que vai dar tempo? Me deparei com essa pergunta num post de uma querida amiga e ela dizia assim:
“- Você também sente isso às vezes? Essa dúvida silenciosa… se vai dar tempo de viver tudo o que a gente sonha nessa vida?”
Essa leitura foi como um flash estourando no meu rosto! Respondi:
“- Bah, sinto e muito! Depois de cruzar a linha dos 60, isso me toma sem aviso e dá uma baita ansiedade… daí é “voltar pro corpo” às custas de muita respiração consciente. Kkk”
Quanto tempo é o suficiente para se viver?
Quero poder passar mais tempo com os meus, escrever, fotografar, passear, conhecer pessoas e lugares, aprender mais… Existe uma quantidade suficiente para se estar vivo? Por exemplo, eu poderia viver por mil anos, como uma Highlander, desde que tivesse saúde e autonomia para tal. A verdade é que não sabemos de nada e a única coisa que nós temos é o agora, esses instantes de vida pingando vida em nós. Uma hora dessas, pinga o último pingo e a gente já era… Mas, quando será o meu último pingo, será que vai dar tempo de fazer tudo que eu gostaria?
A velocidade das mudanças nos atropela
Eu existo do tempo analógico ao digital e carrego infinitas mudanças, de velocidade atropelante, que é difícil se manter à tona, nadando ou apenas flutuando. Como uma maré, as novidades vêm – com pausas breves – e espalham algo novo, de novo, sobre a gente.
Faço contas e sei que não estarei aqui daqui a alguns anos. É uma dura imposição do corpo. Uma imposição que vale para todo o mundo – um fato que nem todo o dinheiro do mundo pode dissolver. Imagino que morri. Lamento o que não vou ver, lugares onde não vou estar, coisas que não poderei realizar e a gente que eu amo seguirá por aqui. Penso no cotidiano acontecendo, a casa, minhas plantas, minhas coisas, a praia, dias de sol… meu amor e nossa gatinha vivendo. Sem mim.
Onde será que a gente vai parar quando tudo apaga?
Como é esse voo de saída da vida? Onde será que a gente vai parar quando tudo apaga? Como dizia a Hebe Camargo, “não tenho medo de morrer, mas eu tenho uma peninha…” Eu também, Hebe! Viver é tão divino. Eu tenho é curiosidade com a morte porque eu penso que, talvez, ao morrer, a gente entenda o Tudo, o inexplicável da nossa existência. Mas isso só vou saber quando meu último pingo pingar.
O que eu sei é que nós somos parte da Natureza, e como tudo nela, tem um fim. Até a rocha mais imensa se desgasta com a água. O tempo de todos nós pinga devagar até que a caixa d’água seca. O tempo é precioso demais para a gente perder instantes de vida com o nada. Entre somas, subtrações, divisões e algumas multiplicações, eu sou feliz e vou seguir nessa “vibe” de felicidade por escolha própria. Porque se eu quiser ficar triste, conteúdo não falta.
Eu vou é tomar goles de coragem para atravessar o tempo que me resta, fazer a minha estrada ser florida e colorida, ensolarada, com notas musicais pairando no ar. E, quem sabe, eu ainda consigo viver tudo o que eu sonhei nessa vida!