Senhora, eu?

O primeiro “senhora” a gente nunca esquece.

Um dia alguém nos chama de senhora e a gente sente que algo da nossa embalagem mudou.

Ainda lembro da minha primeira vez, sendo atendida no balcão de um lugar. Aquele “senhora” me pegou desprevenida. Instantes confusos entre aceitar ou reclamar. “Oi? Tá falando comigo?”

Desde esse dia, carrego comigo esse distintivo: “senhora”. Um distintivo que nos confere antiguidade e uma imensa transformação.

A linha de vida é um tanto injusta.

Chego a pensar que houve um erro no projeto da linha da vida humana. Justamente quando atingimos a maturidade e independência, carroceria e motor começam a desgastar numa ligeireza injusta.

A vontade de viver cruza a direção oposta da vitalidade do corpo. Na via expressa, se cruzam e abanam aflitas. Volta! Fica! São forças antagônicas. Na real, não deve ser erro, não. No dia que a gente “apagar”, quando desligarem a chave geral, saberemos. Ou não.

É preciso, eu preciso, saber pra entender a ligação de tudo isso. Um corpo degradando com um cérebro operante. Ou, um corpo operante com um cérebro degradado? Ou a terceira opção – corpo e cérebro operantes, degradando premiados pela generosidade do tempo que pegou leve, passou macio, respeitoso. Tudo envolto em brisa que sempre soprou sem trancos. Com sorte.

Nada nem ninguém pode prever

Entramos no mundo rodeados de olhares carinhosos, votos de saúde e felicidade. Verdade é que daquele instante em diante, nada nem ninguém pode prever o que virá por aí. Não recebemos o roteiro da própria vida pra entrar em cena. Tudo é surpresa. Nem recebemos um “cardápio de vida” para escolher o que será entregue na nossa porta. Nada. Ninguém.

Podemos ser bem cuidados na infância, cruzar a juventude sem danos e ser adultos satisfatoriamente equilibrados. Adiante, a velhice estará lá. Seremos senhoras. O último trecho da maratona, aguardando a gente chegar. É nesse ponto que o corpo, mesmo cansado, vai nos dizer – “vem, vamos adiante, eu te levo!” Ou, se exausto demais, será amparado por mãos de ajuda, para ficar de pé. Vai saber…

O antes, de alguma forma, prepara o depois.

O antes, de alguma forma, prepara o depois, mas não é regra e nem é justo. O organismo desgasta por dentro sem se ver. Acontece sem sentirmos que acontece. Por fora, tudo bem. Então, o que fazer? Socorro. Senhora!

Vale dar cuidados ao corpo desde os tempos lá atrás, cuidar o que vai por dentro, alimentar a alma com música, flores e cores. Acreditar que será como sonhamos e que, dentro de nós, nossa química interna, a nossa eletricidade, vai continuar energizada, nosso corpo vai estar em amizade por dentro e por fora, nos dando a chance de viver muito e viver bem.

Senhora, eu te desejo saúde e sorte!

Isabel Cavalcanti Juchem

Isabel Cavalcanti Juchem

Sou publicitária e trabalhei como Produtora em agências de propaganda a maior parte da minha carreira.

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