Nunca se ouviu falar tanto sobre a menopausa como nos dias de hoje. No Instagram, a gente encontra dezenas de perfis tratando do assunto, muitas lives com especialistas ou mulheres simplesmente contando suas próprias experiências. Para mim, a menopausa foi um recomeço, um recálculo de rota, igual GPS. A gente meio que se trava, se perde, tonteia, para, recalcula o destino e retoma o movimento.
O que são a menopausa, pré-menopausa, climatério, pós-menopausa?
Vamos esclarecer esses termos aqui.
A pré-menopausa é o período em que surgem os primeiros sintomas que levam à menopausa. A menopausa seria quando a mulher completa 12 meses sem menstruar nada – nenhum vestígio. A partir daí, é a pós-menopausa. O climatério é todo esse tempo que vai da pré até a pós-menopausa embora o termo menopausa seja mais conhecido e usado pela maioria das mulheres para falar de todo o processo.
Então temos: pré-menopausa → menopausa → pós-menopausa = climatério
Quando chegou a minha vez, tudo o que eu sabia da “menopausa” era:
1. a menstruação vai parar
2. vou sentir os “fogachos” ou calorões. E só.
Eu não imaginava que, com ela, viriam a fadiga (da qual eu já sofria por conta da hemocromatose hereditária¹ e “só” piorou), queda de cabelo, a despedida do colágeno, a osteopenia, insônia…
A menopausa e eu.
Minha menopausa começou aos 50-51 anos. Primeiro, os calorões eram sutis. Uma chispa que vinha e ia, sem aviso. A menstruação falhava, ficou errática. No início, até desdenhei um pouco. – “Ah, é só isso? Que gente fiasquenta!”
Mal sabia eu que os calorões seriam um transtorno incontrolável, que viriam sem aviso prévio, em qualquer tempo e lugar. Os tais “fogachos” são como um incêndio de dentro para fora, uma tocha que acende, ferve o corpo e apaga.” Pode ser enquanto você está dirigindo e o assento do carro parece brasa, ou no meio da noite fria de inverno e as cobertas parecem estar em chamas.
Minha pele foi perdendo a elasticidade e as emoções eram uma montanha-russa fora de controle, onde nunca se sabe quando o carrinho vai desabar morro abaixo e voltar ao topo de novo.
Sem saber sobre como “tratar a menopausa”, não me preparei para ela. Com certeza, muitas de nós – nascidas até os anos 60 – nem sabíamos que era possível minimizar ou retardar os efeitos. “No meu tempo”, não existia essa circulação de informações e orientações sobre reposição hormonal, reposição de colágeno, vitaminas e minerais. Por causa disso, passei pela minha menopausa na total ignorância. E ela passou por mim, com tudo.
Sintomas ocultos.
Além dos calores e da menstruação desregulada, a gente não percebe que outras alterações internas estão em atividade como, por exemplo, a osteopenia (perda da massa óssea), a secura vaginal e a libido que vai se esvaindo, tudo num passinho lento e constante.
Os efeitos da menopausa são difíceis de gerenciar sem um bom entendimento dos sintomas e resultados. Manter um relacionamento com vida sexual minimamente ativa vai depender de uma boa conversa com o parceiro, que ele entenda o que mudou. Sim, depois da menopausa instalada, a gente muda. O corpo muda, a cabeça, tudo. É aquele recálculo de rota do gps – quem sou eu agora, para onde ir, como e quem vai comigo?
Cada mulher é única e cada uma vai ter o seu “combo” de mudanças ligadas ao climatério. Felizmente, hoje em dia dá para buscar um tratamento personalizado e minimizar os efeitos desse processo. No mínimo, não achar que está enlouquecendo. Aguente firme! Depois fica tudo bem.
Hormônios que se vão.
Com a queda na produção dos hormônios, acontecem mudanças graduais no corpo da mulher. Li que existem mais de 50 queixas relacionadas aos sintomas dessa queda hormonal, entre os mais comuns estão:
- perda de colágeno
- pele, cabelos e unhas mais ressecadas
- ganho de peso
- depressão
- ondas de calor (fogachos)
- irritação
- ansiedade
- insônia
- secura vaginal
- perda da libido
- osteoporose
- memória fraca e dificuldade de concentração
Menopausa e informação.
Hoje, tanta informação compartilhada traz luz para o tema e dá chance para as mulheres mais novas se prepararem e, para as “mais antigas”, recuperarem parte do que foi perdido. Alguns efeitos da menopausa podem ser minimizados ou adiados, principalmente iniciando um tratamento mais cedo.
O uso de antioxidantes, vitaminas, reposição hormonal pode atrasar o processo de envelhecimento da pele e recuperar a libido, por exemplo. E sem esquecer de incluir exercícios físicos na rotina semanal.
O importante é ficar atenta e saber que se pode melhorar. Todas nós merecemos nos sentir bem e informação é essencial. Conversar com um(a) médica (o), ler, pedir ajuda.
É diferente, mas a vida continua.
Atravessar o climatério nos transforma. Ninguém sai de tudo isso igual ao que era antes. Já parou para pensar? Eu, sinceramente, não acho possível.
Talvez a rebordosa da menopausa seja a responsável por esse sentimento de recomeço que muitas mulheres relatam, de se sentirem mais fortes do que nunca, mais seguras, com ganas de realizar, de produzir e viver à plena força. O tal recálculo de rota do GPS.
Enfim, quanto antes e quanto mais as mulheres souberem sobre as questões da menopausa, melhor elas vão passar pelo processo. Sabendo o que esperar, como e quais perdas podem ser evitadas ou retardadas, entendendo o que começa a acontecer no corpo e na cabeça, sem sustos ou surpresas. Estando informada, pedindo ajuda e conversando sem pudor ou preconceitos vai fazer toda diferença. Pra melhor.
Então, para as mulheres que ainda não tinham pensado nisso e para as que já se encontram em alguma fase do climatério, desejo uma travessia mansa e lúcida para todas vocês!
¹ Hemocromatose hereditária: doença genética onde o metabolismo do ferro não acontece corretamente podendo se acumular no organismo a níveis altíssimos. Os sintomas mais comuns são a fadiga extrema, dores articulares, cirrose, diabetes e arritmias cardíacas. O tratamento mais usado são as flebotomias (sangrias), um procedimento igual a doação de sangue.
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